SESAP/ASSECOM
Próximo de completar 44 anos de serviços à população
de todo o Rio Grande do Norte (RN) o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG)
guarda entre suas paredes história de vida, de sucessos, fracassos,
felicidades, encontros e despedidas.
Com um quadro de pessoal composto por
diversos funcionários veteranos (não raros com mais de 35 anos de casa), não é
difícil ouvir e se encantar com as histórias de vida e os depoimentos de quem
viveu de perto o Walfredo Gurgel em seu início e que, ainda hoje, encontra
forças para continuar lutando por um Sistema Único de Saúde (SUS) com ainda
mais qualidade.
A seguir vamos saber um pouco sobre alguns destes personagens
que ao longo destas mais de quatro décadas se dedicaram a construir não só sua
história profissional, mas sua história de vida, junto àquele que mais de 40
anos depois ainda ostenta o lugar de maior unidade de saúde pública para
atendimentos do trauma em todo o RN.
Corria o ano de 1966 quando o
caicoense, então com 17 anos, Salomão Gurgel, veio morar em Natal. Dois anos
após chegar à cidade do sol, ingressou na faculdade de medicina. Em 1976,
voltando do Rio de Janeiro para Natal, veio trabalhar no Walfredo Gurgel a
convite do ex-diretor, José Dantas de Araújo Filho. Foi no Walfredo Gurgel que
Salomão teve seu primeiro emprego de carteira assinada (antes o hospital era
gerenciado pela Fundação Walfredo Gurgel).
Ostentando 41 anos de casa, Gurgel
se orgulha de ter contribuído com a formação de diversos médicos que ainda hoje
trabalham no hospital. Saudosista, ele relembra seu primeiro dia de plantão:
“Quando cheguei fui de cara recebendo três escalas e ficando encarregado de
acompanhar os pacientes no pós-operatório”. Outra veterana da unidade é a atual
chefe do setor de parecer, Terezinha Pinheiro de Lima, que em 1985 assumia sua
primeira função no HMWG como supervisora de serviços gerais. Também atuou como
recepcionista das enfermeiras do terceiro andar.
Tendo passado por setores e
diferentes funções, ela destaca a chegada dos primeiros computadores como uma
das mudanças que mais marcaram sua vida funcional no hospital. “Facilitou muito
a época o trabalho dos funcionários. Antes fazíamos tudo a mão”, relembra.
Terezinha também recorda a antiga estrutura física que abrigava todos os
serviços e ainda não contava com o Pronto Socorro. “Era apenas um prédio onde
funcionava os atendimentos e as enfermarias.
A demanda era muito menor. Havia
ainda um espaço imenso para estacionamento (espaço este onde foi inaugurado o
Pronto Socorro Clóvis Sarinho (PSCS), em 2001. O cirurgião geral, Ariano
Oliveira, é um dos “jovens veteranos” do Walfredo Gurgel. Chegou à unidade em
1998 e desde então atua na área vermelha (assistindo aos casos graves). Ele
relembra como era o atendimento naquele ano. “Só havia a UTI Geral com 10
leitos.
O Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) funcionava de maneira
limitada por questões estruturais (estava localizado na área onde hoje funciona
o 5º andar de enfermarias) e não havia tomógrafo”. O volume de atendimento no
setor de politrauma era muito menor, assim como a complexidade dos casos que
chegavam ao hospital, segundo o cirurgião.
“Não havia o Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (Samu), então, muitas pessoas iam a óbito ainda no local do
acidente. Porém, depois do advento do 192, temos muito mais possibilidades de
salvar uma vida”, afirmou. Ariano ainda destaca que à época as decisões e
condutas médicas eram embasadas mais pelos exames clínicos e pela história
clínica do paciente, que pelos exames complementares (raio-x e tomografias, por
exemplo).
Porém, com o avanço da tecnologia, ele afirma que a população cobra
cada vez mais a precisão do diagnóstico. “Por isso que as solicitações de exames
de imagem aumentaram. Há uma cobrança muito maior hoje para a resposta do
médico”, justifica.
Mesmo diante de todas as dificuldades e do stress do
dia a dia, nestes quase 45 anos de assistência, o maior hospital do RN também
foi palco para histórias românticas com finais felizes. No ano de 1988, o
jovem, Guilherme Soares da Silva – assim como Dr. Salomão Gurgel – também teve
no Walfredo Gurgel seu primeiro emprego de carteira assinada, no setor de
higienização.
Não demorou e foi promovido ao cargo de maqueiro, função que
desempenha já há 29 anos. Porém, no ano de 2005, recém separado, Guilherme
conheceu Maria Aparecida Teixeira. A técnica de enfermagem que atuava no 5º
andar, chegou ao HMWG no ano de 1991.
Ela conhecia Guilherme das idas e vindas
com pacientes nas macas. Segundo confessou anos depois ao marido, desde os
primeiros contatos, já lançava olhares apaixonados, mas, Guilherme não notava.
“Somente após os amigos em comum começarem a me chamar à atenção, foi que
percebi que já nutria o carinho de Cida” (apelido pelo qual ele carinhosamente
a chama), revela Guilherme. No mesmo ano, chegada a época do Natal, Guilherme
foi a procura de Cida para lhe desejar boas festas. Mas, as coisas não saíram
exatamente como ele havia planejado. Ainda bem! Pois foi neste mesmo dia, que
eles se tornaram um casal. Guilherme relembra o momento: “Fui desejar Feliz
Natal e aí rolou um beijo.
Depois começamos a namorar e o próximo passo foi procurar
uma casa para morarmos. Estamos juntos há 12 anos, vivendo na mesma casa, no
bairro de Morro Branco”.
Avanços que merecem destaque
nestes 44 anos Abertura da Unidade de Gerenciamento de Vagas (atualmente Núcleo
Interno de Regulação – NIR), a abertura do atual Centro de Tratamento de
Queimados (CTQ), criação do Núcleo de Educação Permanente (NEP), instalação da
Central de Transplantes e da Organização de Procura de Órgãos (OPO), abertura
do Programa Classe Hospitalar, do Programa de Residência Médica, do Núcleo de
Acesso e Qualidade Hospitalar (NAQH) e do Núcleo de Assistência à Saúde do
Trabalhador (Nast) e a abertura de mais 45 leitos de UTI.
Também fazem parte da
história do Walfredo Gurgel a participação na Copa do Mundo em 2014, como
unidade de referência para possíveis acidentes graves ocorridos durante o
campeonato mundial de futebol, o Projeto Chorinho nas Enfermarias – que levava
música aos pacientes – as reformas, aquisição de equipamentos modernos,
atualização do parque tecnológico com a aquisição de softwares para
gerenciamento hospitalar, implantação do Protocolo de Manchester (para a
classificação de risco), Walfredo Gurgel em números
Inaugurado em 31 de
março de 1973, contava com 330 servidores para uma população de 1.745.400 Norte-riograndenses.
Atualmente possui um quadro com mais de 2.000 funcionários, sendo cerca de 300
terceirizados. Atende a uma média de 250 pacientes/dia, chegando a mais de
7.000/mês (vindos da capital, do interior e de outros estados). Interna cerca
de 2100 pacientes/mês.
Também mensalmente, realiza em média 600 procedimentos
cirúrgicos (entre cirurgias e reduções ortopédicas), 2500 tomografias
computadorizadas, 5.000 exames de raio-x e 700 ultrassonografias no Serviço de
Apoio ao Diagnóstico e Tratamento (SADT). A equipe de plantão permanente é
composta por 30 médicos – de várias especialidades - em cada turno e o hospital
conta ainda com uma equipe de profissionais que podem, a qualquer momento, ter
seus serviços solicitados (sobreaviso).
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