Lula: ex-presidente é acusado pelo
Ministério Público Federal de ter recebido 3,7 milhões de reais em propina
(Paulo Pinto/Agência PT/Divulgação)
O juiz federal Sérgio Moro citou o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva 68 vezes na sentença em que condenou nesta
segunda-feira a 12 anos de prisão o ex-ministro petista Antonio Palocci por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Nos próximos dias, Moro deverá decidir se condena ou
absolve Lula também pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no
episódio da compra do tríplex no Guarujá, o mais adiantado das cinco ações
penais a que ele responde na Justiça Federal.
O ex-presidente é acusado pelo Ministério Público
Federal de ter recebido 3,7 milhões de reais em propina, de forma dissimulada,
da empreiteira OAS. O tríplex seria parte dessas supostas vantagens pagas a
Lula que, em troca, beneficiaria a construtora em contratos na Petrobras.
Embora não haja qualquer referência ao tríplex
supostamente de Lula na sentença de 311 páginas de Palocci, o juiz cita o
envolvimento do ex-presidente em tratativas de irregularidades, na maioria dos
casos a partir de depoimentos de testemunhas e acusados.
Em um dos trechos, Moro menciona o fato de que havia
uma “conta corrente geral” mantida entre a Odebrecht e petistas que foi
utilizada, entre outras maneiras, para a “aquisição de um prédio destinado ao
Instituto Lula e depois recusado, no valor de 12 milhões, quatrocentos e vinte
e dois mil reais”.
O juiz também cita um depoimento de um executivo da
Odebrecht, Pedro Novis, que afirmou que em 2002 o então candidato a presidente
Lula indicou Palocci para ser a pessoa que conduziria pelo partido as
tratativas com a empresa referente às negociações de apoio à campanha.
O próprio Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo
disse ter tratado do pagamento de caixa 2 para a primeira campanha vitoriosa de
Lula.
“Eu tratei de recursos financeiros com o ministro
Palocci por duas vezes: na campanha de 2002, primeiro semestre de 2002, e 2006,
primeiro semestre de 2006. Sobretudo na campanha de 2002 onde nós estávamos nos
conhecendo e era o primeiro governo do presidente Lula e havia da nossa parte,
como empresa, uma preocupação muito grande da ordem da ideologia, como o
projeto seria conduzido”, disse Marcelo, em um dos interrogatórios.
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque também acusou
no processo o repasses de recursos desviados da estatal para o PT. Segundo ele,
os valores seriam destinados ao ex-ministro José Dirceu e Lula, sendo que a
parte administrada do último era feita por Palocci.
O marqueteiro João Santana também admitiu, em
depoimento na ação, ter feito a campanha de Mauricio Funes a presidente em El
Salvador, no ano de 2010, a pedido de Lula. A Odebrecht, disse, bancou parte
dessa campanha via caixa 2 por ordem de petistas.
Na condenação de Palocci, Moro citou a abrangência
do esquema –embora não mencione a suposta ou eventual influência de Lula nessas
tratativas.
“O que se tem, portanto, são provas de
macrocorrupção, praticada de forma serial pelo condenado, com graves
consequências, não só enriquecimento ilícito, mas também afetando a integridade
de processos eleitorais no Brasil e no exterior por sucessivos anos”, criticou.
Exame
Nenhum comentário:
Postar um comentário