terça-feira, 22 de agosto de 2017

Pacientes aguardam atendimento em macas do Samu no Walfredo Gurgel



"Estou vendo a hora morrer e ninguém me ajudar em nada”, disse dona Cleonice da Silva, de 57 anos, que está há 20 dias em uma maca no corredor do maior hospital público do Rio Grande do Norte. Ela deu entrada no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel depois que caiu e fraturou o fêmur. a unidade hospitalar tem capacidade para receber 270 pacientes e abriga atualmente 390. Destes, 120 estão em macas, muitas delas espalhadas pelos corredores do hospital.

Na manhã desta terça-feira (22), a reportagem da Inter TV Cabugi esteve no local e flagrou cinco ambulâncias paradas do lado de fora da unidade, por estarem com as macas retidas no hospital. Sem se identificar, um motorista disse que a ambulância chegou a ficar sem funcionar quase quatro horas.

Com 91 anos, dona Severina, do município de Passa e Fica, chegou ao Walfredo Gurgel com o fêmur quebrado, e aguarda em uma uma maca no corredor por uma cirurgia. A neta dela, Gerlândia Santos, fala que a avó tem passado por dificuldades. “Sempre ela reclama de dor. É difícil, não tem conforto nenhum pra ela, não tem espaço”, lamentou.

Márcia Germano acompanha o pai, Antônio, que teve um aneurisma na perna há cinco dias e que também está em uma maca no hospital. Ela diz não saber mais o que fazer. “A gente está abandonado, ninguém ajuda a gente em nada. Cada dia que passa ele corre mais risco de perder a perna e a cirurgia não sai. Ele está tomando sedativo, porque está surtando, é preciso amarrar e a gente não tem mais força para lutar. Se ele continuar tomando sedativo ele vai morrer, porque se ele passar mal não UTI tem aqui”, desabafou.

Em nota, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel informou que 40 pacientes diabéticos que precisam de intervenções vasculares e exames deveriam ser atendidos no Hospital Ruy Pereira, e, como este serviço não está sendo cumprido, foram encaminhados à maior unidade hospitalar do estado. Isso acaba, de acordo com a nota, agravando ainda mais a superlotação.

Ainda segundo a assessoria imprensa do Walfredo Gurgel, o Hospital Deoclécio Marques de Lucena firmou o compromisso de receber mensalmente uma média de 30 pacientes do HMWG, mas o acordo não tem sido cumprida.

A nota diz ainda que a violência urbana que o Rio Grande do Norte tem enfrentado e o elevado número de internações por acidentes de trânsito (moto, em sua grande maioria) também contribuem para a superlotação.




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