A Assembleia Legislativa discutiu, na tarde desta
terça-feira (19), a importância de se tomar atitudes que possam prevenir os
suicídios no Rio Grande do Norte. Em audiência pública proposta pelo deputado
Vivaldo Costa (PROS), dentro do Setembro Amarelo, os participantes discutiram
sobre as formas que o Poder Público poderia contribuir para se evitar que
pessoas tirem as próprias vidas no estado. O fortalecimento do atendimento
básico nos municípios foi o ponto principal da discussão.
Reunindo especialistas nas áreas de psiquiatria e
psicologia, a audiência pública trouxe opiniões de profissionais que atendem
diretamente no interior do estado e que atuam na prevenção de suicídios. Para
Vivaldo Costa, é preciso que as equipes do programa Saúde da Família tenham a
formação para que o atendimento seja adequado.
“Vamos trabalhar para que o Programa Saúde da
Família atenda as pessoas com problemas psiquiátricos e que os médicos façam
urgências psiquiátricas. Que pode, pode. As equipes precisam ser treinadas”,
disse Vivaldo Costa.
Durante o debate o psiquiatra Salomão Gurgel foi um
dos que explicou a situação no interior e defendeu a abertura de leitos e
hospitais psiquiátricos. No entendimento do especialista, apesar do atendimento
ambulatorial ser importante, é fundamental a possibilidade de internamento às
pessoas que sofrem de doenças mentais e estão em surto.
“Se uma pessoa tem um problema cardíaco sério, ele é
mandado para casa após ser atendido em ambulatório? Claro que não. E por que um
doente psiquiátrico não deve ser internado? É preciso internação, prescrição de
medicamentos e encaminhar o tratamento ativando outras alternativas, para
evitar que aconteça o pior”, disse o médico.
Além das opiniões de especialistas, a audiência
também teve relatos emocionantes de pessoas que tiveram problemas de depressão
entre familiares e uma mulher que relatou sua história, que teve 13 tentativas
de suicídio, inclusive saltando da ponte Newton Navarro.
Elizabeth Araújo foi convidada e emocionou os
presentes com sua história. Depois de tentar o suicídio 12 vezes, ela decidiu
tentar novamente e seguiu até a ponte Newton Navarro, onde queria saltar para a
morte. No dia 14 de janeiro de 2016, ela foi ao local por volta das 18h30,
chegou ao ponto mais alto e saltou. Porém, apesar da força do impacto, ela
sobreviveu, conseguiu chegar a um barco que estava próximo e um pescador a
resgatou. Nesse momento, ela decidiu que não mais tentaria tirar a própria
vida.
“Minha missão hoje é valorizar a vida e ajudar as
pessoas a entender e buscar isso também”, disse Elizabeth, que também ouviu
explanações de outras pessoas que atuam na prevenção ao suicídio, como Maria
Odete, do Centro de Valorização da Vida (CVV), grupo com 35 pessoas que atuam
voluntariamente, no Rio Grande do Norte, dando palavras de conforto às pessoas
que pensam em cometer o suicídio.
Presente ao encontro, o secretário de Saúde do
Estado, George Antunes, acompanhou a audiência até o fim e disse que as
opiniões de todos são importantes para que o Poder Público possa atuar no caso.
Assim como o deputado Vivaldo Costa, ele acredita que o atendimento básico
precisa ser revisto e os profissionais capacitados para o encaminhamento.
“Proponho que façamos fazer uma revisão do nosso
plano de prevenção, discutamos a nossa política no Estado e preparemos uma rede
hierarquizada para podermos fazer o atendimento. Temos que saber onde estamos
falhando. Se trabalharmos nesse ponto da cadeia (saúde básica), iremos evitar
muitos suicídios e observaremos quais as portas que estão falhando”, disse o
secretário.
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